Produção textual referente ao mês de outubro

 Era hora do intervalo, e fui direto para o pátio com meu lanche na mão, sem pressa. O dia estava feio, com o céu coberto por nuvens cinzentas que pareciam pesar sobre nós. Alguns colegas já estavam espalhados pelo pátio, conversando em pequenos grupos, mas o ambiente tinha uma estranha quietude, como se algo fora do comum estivesse prestes a acontecer… 

Mas talvez, fosse coisa da minha cabeça.

Rapidamente me juntei a minhas amigas, nos sentamos e começamos a comer, como fazíamos em todas as tardes. Era um pãozinho simples, mas que eu, particularmente, adorava. Durante esse momento de tranquilidade conversamos sobre coisas banais, como: “Olha lá! Quem você acha que vence no ping-pong?”

Em alguns minutos acabamos de nos alimentarmos e saímos correndo, animadas, para o pátio. Brincamos de pega-pega, esconde-esconde e até um pouco de faz de conta. Mas de repente percebemos que o silêncio havia se instalado. Incomum. Acho que todos tinham subido e voltado para suas salas para as próximas aulas. Mas não queríamos subir. Eu e minhas amigas olhamos para todos os lados, e, então, confirmamos. Estávamos absolutamente sozinhas. 

Ao invés de subirmos como deveríamos, resolvemos brincar. Corremos para o pebolim e nos posicionamos. Mal tínhamos começado quando uma chuva acompanhada de uma ventania se iniciou. Aquilo não ia nos parar. Nossos cabelos esvoaçavam e atrapalhavam nossa visão, assim, dificultando a diversão. Comecei a reclamar que era muita ventania, e em questão de segundos, piorou. Um painel de chão, aqueles de colocar banner, saiu arrastado pelo vento, em nossa direção. Assustadas, saímos correndo em direção às mesas e cadeiras. Quando paramos, olhamos e percebemos que ele estava preso ao pebolim. Respiramos fundo e concordamos que aquilo era uma loucura. Preste a voltar para lá, aquilo se soltou e veio novamente em nossa direção. Disparamos em uma corrida por entre as mesas até ouvirmos um som estrondoso atrás de nós. Aquilo finalmente tinha parado. Estava caído sobre uma mesa, com algumas cadeiras tombadas em seu redor. Nos direcionamos para as escadas e chegamos a conclusão que subir era a melhor escolha. Estava com medo de ficar lá. Após o primeiro lance de escadas ouvimos um choro ecoar, então, nos aligeiramos em subir as escadas. Só para acalmar-mos olhamos se no segundo ou primeiro andar havia alguém chorando. Para o nosso terror, não tinha. Era um completo silêncio. Ainda mais apavoradas, disparamos escada à cima. E entre tropeços, conseguimos. Vermelhas e sem ar, paramos frente ao nosso professor, na porta. Contamos cada detalhe do que havia acontecido e adentramos a sala de aula. 


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