Jornada do herói - Entre sombras e cristais

Entre sombras e cristais

 As pessoas daqui são muito amigáveis e com vidas bem agitadas. Eu gostaria de saber como posso ter uma vida tão monótona e igual, acordar todos os dias ao nascer do sol, ir para o trabalho e depois vir para minha casa. 

Penso sentada em minha cama em uma noite gélida, eu podia ver a névoa se espalhar pelo vilarejo, era tarde, muito tarde, o único som audível era grilos e cigarras. Eu não conseguia dormir. Talvez fosse por todos aqueles pensamentos que me atormentavam, eu não aguentava mais, se eu pudesse desligá-los por apenas um momento, seria um sonho, mas sonhos não acontecem do dia pra noite, ou talvez sim, mas não no meu caso não. 

É frustrante perceber que sou uma jovem frustrada. Eu tenho 24 anos, uma vida pela frente, e mesmo assim poucas esperanças. As vezes eu penso como seria se tudo fosse diferente, eu ainda seria aquela garota espontânea e sorridente? Eu ainda seria a florista da vila? Ou eu seria igual agora, uma pessoa quieta e fechada, que apenas faz chapéus na “Boutique de chapeaux Charlotte”? Eu sei que pensamentos assim são inúteis, mas é o que predomina em minha mente a maior parte do tempo. Hoje em dia, tudo que ouço é: “ Evangeline! Busque o chapéu da Sra. Mercedes!” Ou “Você terminou o chapéu do Sr. Claus?”, entediante não é? Agora imagine ouvir isso cerca de 254 dias no ano, é enlouquecedor. 

Começo a sentir sono e um bocejo escapa, pensar me dá sono, eu estava quase dormindo, me ajeito na cama e encaro a parede até dormir, algo que não demorou a acontecer.

Horas depois sinto a claridade do sol bater em meu rosto, me forçando a acordar e voltar para a realidade, me levantei preguiçosamente e me forcei a me arrumar para ir ao trabalho, coloquei um vestido simples e saí de casa. caminhando pelas ruas já movimentadas pego um atalho, estava silencioso mas de repente esbarrei em uma senhora, eu não sabia da onde ela tinha surgido, e antes que eu pudesse falar algo ela olhou em meus olhos e proferiu as palavras

- Salve-os, tire eles daquele castelo de cristal. A rainha é má e perigosa. Tome cuidado, com as ilusões e os espíritos. Vá até a colina no litoral e encontrará o castelo. É o seu dever, você é a escolhida para isso. 

- Fico um pouco atordoada tentando assimilar todas as informações e quando percebo ela já havia desaparecido, para uma velhinha ela era muito rápida, mais que eu. Continuo indo de encontro ao meu trabalho pensando em suas palavras. Chego em frente à chapelaria onde trabalho, tudo bem arrumadinho, a cor rosa predominava naquele lugar, seja nos próprios chapéus ou em laços e flores que estava espalhados pela loja.

O dia passou e não rendeu quase nada, tudo culpa das palavras ditas pela aquela senhora de hoje mais cedo, ela tirou toda minha concentração, até meus dedos furei com as agulhas, isso nunca aconteceu. Confesso que me perguntei do porquê inventar uma história tão estúpida, mas ao mesmo tempo tenho curiosidade de ir lá ver só pra ter certeza que é invenção. Mas eu não vou, e se for real? Eu já tenho problemas suficientes, e não posso perder o meu tempo com isso. E como ela disse é perigoso, eu sou uma desastrada nata, a cada 10 passos eu tropeço ou caio, eu não sou a doida que vai bater de frente com uma rainha, eu ainda temo pela minha vida. Ouço um grito infantil chamando pelo meu nome e me viro, era Tomy, ele estava de pé na areia da praia fazendo sinal pra que me aproximasse dele, e assim fiz, a areia era muito fofinha. 

- Aconteceu algo, Tomy? - Falo um pouco desanimada

- Não! Mas eu te adoro, você sabe disso! - Ele fala sorrindo. O sorriso era bonito, e covinhas se formavam em seu rosto - Mas o que aconteceu? Você tá tão…tão…- Ele procura a palavra 

- Desanimada? - Pergunto

- Ha sim! Agora fala, Evangeline!

- Nada, não me aconteceu absolutamente nada.

- Você mente horrivelmente mal, desembucha! - Suspiro

- Hoje no caminho do trabalho esbarrei em uma senhora e ela me disse uns negócios estranhos - Olho para o porto ali perto, lotado de embarcações 

- E o que ela disse? - Perguntou curioso

- Para ir até o castelo de cristal da colina e salvar pessoas da rainha má…e que era o meu dever porque eu sou a escolhida 

- E você vai, né!? - Ele fala com os olhos brilhando

- Não, isso seria uma burrada

- O que!? Evangeline! Vai desperdiçar uma chance dessas? Imagina ser um herói! Você vai sim!

- Não, eu não vou caminhar em direção a morte, Tomy! - Ele faz uma cara pensativa

- O que seu pai pensaria de você? - Diz com uma cara de julgamento- Vai deixar várias pessoas morrerem só pra ficar ilesa? - Começo a me sentir mal, talvez ele tivesse um pouco de razão. Me ponho a lembrar do sacrifício do meu pai, ele era um cara brilhante, me amava demais, e isso causou seu fim. Eu era tão idiota quando criança, quem brincaria perto de uma fenda em um penhasco? A claro, eu. Se eu não tivesse essas ideias de girico, eu não teria caído na fenda, meu pai não tentaria me salvar e muito menos teria caído de um penhasco de metros e metros.

- Ma- Nem vem com mas, eu tenho razão! - Ele fala em um tom birrento me cortando

- Você é muito abusado, moleque, chantagem emocional é golpe baixo - Resmungo

- Você vai ou não?

- Vou! - Revirei os olhos e bufei, ele saiu correndo feliz para casa, me deixando plantada ali. Aquele ser loirinho e baixinho me atormentava demais pra ser uma criança de apenas 8 anos. Era irritante a forma como ele facilmente me manipulava pra fazer o que ele queria, sempre. Às vezes eu tinha vontade de prender ele pra não precisar atura-lo, mas eu sei que sentiria falta, então eu opto por aguentar ele. Mas no fundo eu queria seguir esse caminho, aceitar o desafio, aderir esse problema, eu não queria sentir a culpa de deixar pessoas morrerem por medo meu.

Penso enquanto caminhava e quando me dei conta eu estava de frente pro castelo de cristal que era rodeado por flores, todas muito cheirosas, ele era enorme, com várias torres bem construídas. Eu me entreti tanto com os meus pensamentos que errei o caminho, legal, agora estava de frente ao meu novo desafio, meu novo problema. Encaro a porta do castelo por um momento pensando se deveria entrar ou não, por um momento hesitei e respirei fundo, apenas pensei “Lá vou eu”. 

Em passos firmes, caminho em direção a entrada, eu empurro a porta apenas o suficiente para entrar, e um rangido pode ser ouvido. Me deparo com um grande salão de entrada e longas escadas, era tudo muito luxuoso e brilhante. A cada passo podia-se ouvir o ecoar deles. Olho para o lado e vejo uma pessoa, mas ela saiu correndo para uma sala, eu fui atrás, mas quando cheguei não tinha nada. O cômodo estava bagunçado, com papeis e livros jogados ao chão, na mesa um copo quebrado e o líquido que estava a ser tomado sobre a mesa, eu julgo que seria vinho, o aroma era bem suave, mas isso não importa, aquela bagunça acontecera a pouco tempo. Ergo meu olhar e vejo aquela pessoa de novo, agora imóvel e pálida, me aproximo e toco sua mão, estava gelada, me aproximo um pouco mais para sentir sua respiração e então me dei conta que não tinha, estava morto. Me assusto e arregalo meus olhos verdes, saio correndo amedrontada, aquilo era o que eu mais temia, mortos. Eu sei que deveria ter medo dos vivos, mortos não faziam nada, literalmente nada, mas por algum motivo eu acho que os espíritos deles vão me assombrar.

Apenas parei de correr quando escorreguei em um degrau e rolei escada abaixo. Fico um tempo estirada no chão, mas me levanto, estava bem dolorida. Volto a caminhar e entro em um aposento que cheirava a mofo, me aproximo da escrivaninha, havia muitas e muitas cartas começadas, a letra estava toda deformada como se fosse feita para ninguém ler, a letra era horrível. Escuto passos ao longe e para minha sorte avisto uma outra porta, adentro e a fecho com cuidado tentando não fazer barulho. Respiro fundo e virei-me de costas para a porta, sinto uma vontade de gritar mais trampo minha boca. 

Havia muitas pessoas dentro de celas como se tudo isso fosse uma prisão. Alguns pareciam fracos, outros nem tanto, mas todos pediam para que eu os tirasse de lá. Me aproximo do cara com aparência mais saudável dentre os outros. 

- Isso é uma prisão? 

- Sim, a rainha Vespera nos prendeu aqui, por favor, nos tire daqui! Ajudaremos no que for preciso - Ele implora agarrando minhas mãos -

- Calma, eu vou tirar vocês, eu só não sei quando, mas eu juro que não vou demorar. - Tento tranquilizar - Mas por que vocês estão aqui?

- Eu não sei, eu acho que ela é amargurada e quer apenas destruir a vida dos outros…

- Tá…- Falo levemente desconfiada - Mas quem é você? 

- Liam, eu sou o príncipe de Avalon, vim pra essa cidade escolher uma mulher para me casar e acabei por ser preso nesse lugar, acho que estou aqui já fazem duas semanas - Fala rápido. Ele realmente tinha um porte de príncipe, e pra falar a verdade era bem bonito, alto, forte, e uma voz grossa.

- Meu nome é Evangeline - Digo e logo ouço barulhos novamente e faço uma cara desesperada 

- Evangeline, se esconda atrás da porta, eu distraio e você sai correndo, corre como se não houvesse amanhã! - Assinto e me escondo. No exato momento que me ponho atrás da porta um espírito entra com uma aparência assustadora. O cara com quem eu conversava antes chama a atenção do ser. Confesso que fiquei com medo por ele, mas saí correndo como o combinado, fui vista pelo espectro que logo se pôs a me perseguir até a porta, mas não saiu, até tentou mas era como se tivesse uma barreira a impedindo. Fiquei observando por um momento, a porta estava aberta, e a assombração a todo custo tentava sair, batia repetidamente naquele bloqueio transparente, mas nada acontecia. 

Deitei na grama verde, e olhei o castelo ao longe. Eu não conseguia acreditar no que tinha visto. Pelo menos agora eu sabia que tinha aliados dentro do castelo, e uma quantidade ainda indeterminada de inimigos.

Me levanto e sigo caminho de minha casa eu tinha que descobrir como tirá-los de lá. Destranco a porta e vou direto para a cozinha fazendo um chá forte, coloco um pouco de mel e leite, o típico chá da Inglaterra. Sento-me em uma cadeira próxima e dou uma bebericada na bebida fumegante enquanto me botava a pensar em como ajudar aquelas pessoas indefesas, eu precisava de um plano.

Começo a rabiscar tudo o que eu sabia e como poderia ajudá-los em uma folha que um dia fora branca. E no final, o que eu tinha era uma folha rabiscada, nenhum plano determinado, apenas ideias e possibilidades. Meus olhos pesam, o sono chegou para me confortar com sonhos, ou talvez, para me atormentar com pesadelos. Não sei. Meu rosto cai sobre a mesa e eu apago ali mesmo. 

Na manhã seguinte acordo com os raios solares, levanto minha cabeça, a folha de papel grudada na minha bochecha. A puxo e a deixo sobre a mesa, estico meus braços e solto um bocejo. Vou para o banheiro em arrasta pé, até me assusto ao ver meu reflexo, tinha um pouco de tinta na minha cara. Me recomponho. 

Estava tranquila, mas com uma cara deplorável. Não conseguia pensar. Olhando fixamente para um ponto qualquer uma ideia surge. Eu tinha um plano.

Eu só precisava entrar no castelo, passar por aquela bruxa, quero dizer, rainha má, e soltar os prisioneiros dela. Era fácil…eu acho. 

Em passos firmes e decididos me dirijo ao castelo e BUMM! Eu estava ferrada, a forma do castelo não era a mesma, era como se fosse um castelo animado, como se tivesse vida própria para se tornar o que quisesse. Eu já estava lá, não ia voltar atrás agora que estava tão longe.

Entro. Tudo parecia diferente. As paredes antes eram de cristal translúcido agora tinham um brilho assustador, sombrio, era como se elas absorvessem a luz, a vida. O ar estava pesado e denso. O que mais me incomodava era que a cada passo uma sensação de que alguém ou algo estava me observando me invadia. 

Caminhei pelo salão principal, os ecos dos meus passos soando por todo o castelo. A escadaria parecia mais alta, como se não tivesse fim. Aquele lugar não podia mais ser chamado de castelo, agora era um labirinto sem fim.

E de repente as palavras da senhora que me envolveu nisso passaram como um filme em minha mente, eu lembrei das palavras sobre as ilusões e espíritos. Precisava manter a mente focada e não me descuidar. Continuei a andar em meio aos corredores mal iluminados, procurando qualquer sinal de vida, qualquer coisa que me levasse aos prisioneiros.

Em um momento de concentração uma porta ao meu lado abriu-se com um rangido, revelando um corredor estreito e escuro. Sem hesitar muito, entrei. O corredor era longo, cada passo ecoando. Ao fim do corredor uma luz fraca brilhava. Me aproximo, vi que era uma pequena lanterna de cristal que emitia uma luz levemente azul.

Segurando a lanterna, uma figura sem energia, imóvel. Aproximando-me com cautela, reconheci a pessoa: era Liam. Mas ele estava estranho. Seus olhos vidrados, sem vida, e sua pele, fria. 

- Liam? - Chamei baixinho, minha voz estava tremendo. O ar tinha ficado mais gelado e a aparência dele me fazia arrepiar, estava assustador.

Ele não respondeu. Dei um passo à frente, estendi a mão para tocá-lo, mas algo me segurou. Olhei ao redor e vi sombras se movendo de forma hipnótica pelas paredes. As ilusões. Eu estava sendo testada, pela rainha.

Fechei os olhos rapidamente e respirei fundo, tentando me manter calma. Quando abri os olhos novamente, as sombras tinham sumido e Liam estava acordando, como se despertasse de um transe.

- Evangeline? - disse ele, piscando os olhos.

- Sim. Precisamos sair daqui.

Ele assentiu, ainda um pouco desnorteado. Corremos para a sala com as celas, coisas começaram a cair e ser lançadas de todos os lados, e o chão e as paredes pareciam estar distorcidos.

Assim que chegamos na sala abrimos as celas, libertando os outros prisioneiros.

Ouvimos um grito estridente, um som ensurdecedor. A rainha Vespera estava ali. 

Ela apareceu no fim do corredor, sua figura alta e esguia envolta de um vestido longo e com estilhaços pontiagudos de cristal. Seus olhos fixaram-se em mim.

- Você é aquela garota da última vez? - perguntou ela, a voz em um sussurro gelado. - A escolhida?

- Sou. Eu não vou deixar você continuar seu reinado - respondi, tentando manter a voz firme.

Ela riu, um som cruel.

- Veremos se você tem o que é preciso.

Com um gesto, ela lançou uma onda de sombras de formas indeterminadas na nossa direção. Instintivamente, me abaixei, puxando Liam comigo. As sombras passaram destruindo tudo em seu caminho. Era agora ou nunca.

- Corram! - gritei para os prisioneiros.

Liam e eu, conseguimos levar todos para fora do castelo. As sombras tentaram nos seguir, mas a barreira invisível os impediu. 

Lá fora, o sol começava a sumir no horizonte, dando espaço para a escuridão da noite tomar conta. 

De pouco em pouco, depois de agradecerem, todos vão se dispersando e indo para suas casas, ansiando poder ver suas famílias para matar a saudade que sentiram ao serem obrigados a se manterem longe.

Com um sorrisinho de satisfação olho para o céu, quando me dei conta, Liam estava me olhando. Eu não sabia o que aquele olhar era, ou significava, mas me fazia estremecer, era muito intenso, parecia que ele podia facilmente ler todos os meus pensamentos. O que eu sinceramente espero que ele não consiga.

Ficamos nos encarando por breves segundos, que pra mim pareciam uma eternidade, até eu desviar o olhar envergonhada e tentar desconversar.

- Então, você vai passar a noite aonde? - Pergunto e ele dá um sorrisinho 

- Não sei, quer me convidar pra ficar na sua casa, princesa? - O meu rosto começa a esquentar e eu tento manter a postura mas falho miseravelmente 

- Se quiser - Resmungo tentando não o olhar

Adentro minha casa, e então me lembro, só tinha uma cama, alguém ia dormir no sofá. 

Faço algo simples para comermos, não tinha muitos talentos culinários, mas uma certeza eu tinha, eu não era tão ruim ao ponto de passarmos fome. Enquanto cozinhava eu podia sentir seu olhar recair sobre mim me deixando nervosa. Não fizemos muitas coisas depois disso, estava tarde e o dia tinha sido cansativo então apenas desejamos boa noite e fomos dormir.

Na manhã seguinte, ao acordar, me espreguicei e ouvi passos na cozinha. Levantei e fui até lá curiosa, logo deparo-me com Liam tentando fazer chá. Ele parecia desajeitado, mas determinado.

Bom dia - disse ele concentrado ao perceber eu o observando.

Bom dia - respondi, sorrindo. Ele era tão pitico, tão bonitinho tentando fazer aquilo, nos segundos que o observei ele conseguiu fazer pelo menos 19 coisas erradas. - Deixe-me ajudar com isso.

Enquanto preparávamos o chá juntos, a conversa fluiu naturalmente. Liam falou sobre Avalon, suas paisagens e tradições. E eu contei sobre a vila e como a vida aqui era simples. O clima entre nós estava leve e agradável.

Com o passar dos dias fomos fazendo coisas memoráveis, como por exemplo quando caminhamos pela praia e Tomy apareceu, como sempre cheio de energia, e nos arrastou para um passeio. E como de costume Tomy corria à frente, Liam e eu caminhávamos lado a lado, conversando sobre tudo e nada. Apenas jogando conversa fora.

Lembro de breves palavras trocadas.

- Você realmente ama este lugar, não é? - perguntou Liam.

- Sim, é minha casa. 

Ele assentiu, parecendo pensativo. 


E depois disso paramos e sentamos na areia e trocamos olhares e sorrisos enquanto Tomy brincava no mar.

Continuei pensando e lembrei-me de quando Liam decidiu me ensinar a usar uma espada. Ele disse que, como heróina da vila, eu deveria saber me defender. Eu relutantemente, aceitei. Fomos para um campo aberto, e ele começou a me ensinar os movimentos básicos.

Eu ainda lembro de suas instruções “Segure firme, mas relaxe os ombros”. E ao final da tarde, eu estava exausta, mas satisfeita, apesar de minhas trapalhadas.

Em um dia calmo, o céu começa a se fechar e ventos fortes fazem as janelas e portas baterem com força. Em questão de minutos ninguém se encontrava nas ruas. Estava encolhida no sofá quando ao longe ouço uma risada um tanto quanto maligna, era ela, Vespera. Olho para Liam e uma cara de descrença aparece em meu rosto, ele estava dormindo igual uma pedra. Começo a chacoalhar ele que lentamente acorda, e eu em palavras embaraçadas tento explicar a situação, mas ele realmente só se levanta quando eu falo o nome Vespera. Ele pega sua espada com uma expressão determinada. Vamos até a rua e logo já somos atacados pelas sombras. Quando conseguimos nos livrar delas partimos pra cima da raiva que tinha um olhar frio. Ele jogou cristal afiados contra nós causando cortes superficiais em nossas peles, mas nada que nos impedisse de continuar. Até que Liam foi capturado e não conseguiu mais se soltar. Agora era eu por nós. Avanço em sua direção sem pensar muito.

Em um dia qualquer vi uma lenda sobre ela onde apenas a escolhida, eu no caso, com a pedra da lua, que por acaso eu tinha, poderia acabar com ela. 

Quando estendo a mão com a pedra da lua um dos cristais a acerta e a faz cair longe, tento ir atrás mas era impossível, a Vespera me segurava firmemente enquanto dizia que aquele era o meu fim e o início de seu reinado. Eu juro que quando me dei por vencida Tomy apareceu e pegou a pedra, e em um lance perfeito jogou direto em minhas mãos. Me virei rapidamente para a rainha e estando a pedra que fez com que ela se escolhesse e tentasse fugir, com seus poderes mais fracos Liam pode se desvencilhar-se das sombras e vir até mim, me ajudando a encaixar a pedra em sua coroa. Ela começou a gritar incessantemente como se estivesse agonizando. caída de joelhos ao chão em minha frente ela começou a virar pó. E tudo desapareceu. O céu voltou ao seu tom de azul claro com poucas nuvens e as pessoas saíram de suas casas. A gente tinha vencido. O pesadelo agora tinha acabado. Todos podíamos ser livres. Os aldeões vibram em comemoração. 

Por mais que eu não quisesse, Liam voltou para Avalon, mas era seu dever como príncipe. Ele não poderia largar seus deveres de príncipe e futuro rei. E eu não poderia largar meus deveres como protetora do povo da aldeia. Eu estava feliz do mesmo jeito. Um bom tempo se passou e em como um dia normal, mas agora nada entediante vou ao meu trabalho. Elizabeth tinha faltado, então, quem ficaria no balcão era eu. Distraidamente brincando com meu anel ouço uma voz masculina. 

- Eu gostaria de um chapéu, princesa - Ergo meu rosto e o vejo sorrir. Eu não acredito, era ele.


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